quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dorsal Meso Oceânica e a Falha de San Andreas

E ai pessoal,
Bom, após sabermos um pouco sobre as formas da Terra, aprendemos que um dos principais agentes que modelam o nosso planeta são as Placas Tectônicas. Mas como sabemos de algo que até agora não "comprovado", devido a falta de equipamentos que perfurem grandes profundidades.
Bom, existem várias evidencias, taiz como os abalos sismicos, porém, existem falhas na superficie terrestre que podem servir de provas para esse feitio. Uma delas é a falha de San Andreas, na Califórina - EUA. Essa falha é uma grande abertura, que afasta-se cada vez mais ao ano. Outra grande comprovação é a Dorsal Meso Oceanica, que separa cada vez mais o Continente Africano do Americano. A primeira imagem é uma de satélite da Dorsal, as ultimas são da Falha de San Andreas



domingo, 22 de agosto de 2010

Formas do Planeta Terra






As formas da superficie do Planeta Terra.

Bom dia pessoal,
Achamos muitas vezes que o nosso planeta, é plano, pois, ao vermos um globo terrestre, ou até mesmo no Google Earth, vemos representações (no caso do globo) do planeta, e no programa do Google, vemos imagens de satélites, e nele somente percebemos as diversas formas ao aproximar o Zoom.

Bom, mas a Terra passa por diversas mudanças, essas que ocorrem a mais de 2 Bilhões de anos, a qual dizem ser a data de origem da Terra. Durante todo esse tempo, o nosso planeta passa por inúmeras mudanças e ações, como o vento, chuvas, vulcões, terremotos, ondas de frio, ou calor. Todas essas ações causam reações, como podemos perceber em nossa própria casa, quando um vento entra e levanta uma poeira, ou leva areia de um quintal para dentro, ou quando coloca-se água quente em um copo de requeijão e ele racha. Assim acontece com o planeta, e principalmente com as rochas, mas durante muitos e muitos anos.

A seguir, algumas imagens da Chapada Diamantina. O Curioso é que os vales, segundo os estudiosos, antes já fora uma única superficie, como o chão de sua casa, mas após várias ações físicas, abriram-se os caminhos, formando os vales, e as rochas que ali ficavam foram levadas por águas e ventos, sendo depositadas em outros lugares.

sábado, 15 de maio de 2010

Nova DIT e a América Latina

A nova divisão internacional do trabalho e os desafios latino-americanos

por Ivonaldo Leite*



Desde há tempos, sabemos que a relação entre as forças do mercado, alusivas a comércio, movimento de capitais e mão-de-obra, não ocorre neutramente, num terreno vazio, fazendo com que o curso da evolução sócio-histórica dos países seja homogênea. Como bem realçou Marx, foi o aparecimento da grande indústria que permitiu a divisão do trabalho, atribuindo à cada parte do mundo funções econômicas distintas.

Fundamentalmente, a correlação de forças entre as diferentes nações engendra uma geografia internacional de produção/absorção de riquezas e de criação/destruição de postos de trabalho, que, ao fim e ao cabo, abrem portas a múltiplas formas de dominação de um país/região por outro/a, através das dimensões econômica, militar, política e cultural. Sem muito palavrório: A divisão internacional do trabalho é resultado da lógica de funcionamento do modo capitalista de produzir (Wallerstein, 1979). Ela não decorre de um ordenamento natural e nem tampouco, de per si, garante os supostos “benefícios igualitários” imaginados pelas construções teóricas desenvolvidas em torno das vantagens comparativas.

Quando se diz que a atual divisão internacional do trabalho, a terceira, difere das duas anteriores, deve-se ter presente, por exemplo, que estas buscaram, de determinada maneira, suporte na produção. Bem diferentes são as coisas hoje. É fato que a primeira divisão foi impulsionada pelas duas revoluções industriais dos séculos XVIII e XIX, sendo a segunda configurada no pós-Segunda Guerra, no quadro da então Guerra Fria, donde surgiu um “conjunto de nações intermediárias”, a exemplo dos ditos “tigres asiáticos”, bem como, na América Latina, dos países que, apesar da dependência, alcançaram algum grau de desenvolvimento, tornando-se mesmo exportadores de produtos manufaturados.

Por sua vez, a terceira divisão internacional do trabalho deita as suas raízes entre o fim da década de 1960/início da de 1970. Data desta altura o esgotamento das bases institucionais do desenvolvimento capitalista constituídas no pós-Segunda Guerra. Com o estiolamento do pacto firmado pelo acordo de Bretton Woods, evaporaram-se os mecanismos de controle financeiro que forçavam a maior valorização produtiva do capital e o comprometimento com o pleno emprego, por via das políticas keynesianas. Daí emerge uma intensa movimentação do capital financeiro, que, alimentado pelas taxas de juros, trava a expansão produtiva. A financeirização fictícia do capitalismo dos oligopólios expressa a sua face, por exemplo, na irracionalidade[1] que é a contenda das ações, em busca do lucro, sem a mediação da produção.

De resto, três variáveis têm marcado o curso da terceira divisão internacional do trabalho: a revolução técnico-científica, o processo de globalização e a regionalização (Dos Santos, 1995). A primeira condiciona a evolução das forças produtivas no sentido de um gasto crescente em pesquisa e desenvolvimento, planejamento, design e na formação de mão-de-obra de alta qualificação, ao mesmo tempo que, em decorrência da automação, dispensa o trabalho produtivo, ampliando o excedente de desempregados. O processo de globalização conecta todo o planeta, com livres vias para a circulação do capital especulativo. A regionalização - à primeira vista um paradoxo num tempo de globalização, se não se considerar a concorrência inter-monoplista – leva a formação de blocos de países e tende a gerar poderes supra-estatais.

É perante essa conjuntura que a América Latina se encontra hoje posta. Após anos tentando escapar do conceito de dependência como ponto de referência para explicar a realidade latino-americana, a análise social da região volta a se deparar com as questões primeiras colocadas pelo mesmo. É que, por mais que se queira encerrar em esquemas as possibilidades estruturais da história, esta nos torna, a cada momento, dupes de nous-mêmes, e nos surpreende com desdobramentos imprevistos.

A América Latina situa-se no contexto global de maneira dependente. Está longe de ser uma protagonista central no desenvolvimento da revolução científico-técnica. Na verdade, ela recebe as influências desta sob a forma de importação de tecnologias e conhecimentos.

Um capítulo à parte no continente latino-americano é a América do Sul. Tendo ascendido a governos de países seus líderes definidos como de esquerda, não têm sido poucos os que identificam uma virada popular na mesma, a romper com as estruturas que historicamente lhe caracterizam. De outra parte, há os que não vêem nada mais do que, nalguns casos, discursos populistas. Seja como for, as ações de Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Cristina Kirschner (Argentina), Michellet Bachelet (Chile), Tabaré Vázquez (Uruguai), Lula (Brasil) e Hugo Chávez (Venezuela) têm figurado na agenda do debate político atual. Do grupo, sobressaem-se Chávez e Morales como os que, à esquerda, têm sido mais ativos na iniciativa política. Contudo, sem arroubos, é recomendável cautela nas apreciações, até porque, independente da retórica pessoal dos governantes, o que está em causa é a necessidade de enfrentar desafios concretos, como condição para que a América do Sul (e a Central) supere os seus problemas socais e a sua condição de dependência[2], no cenário, agora, de uma nova divisão internacional do trabalho – o que passa pela questão da integração. Dos desafios a enfrentar, refiro apenas três.

O primeiro diz respeito à hegemonia norte-americana na região. Data do fim da Segunda Guerra a formação na América Latina de um amplo aparelho estadunidense. Ele arrancou com o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), assinado no Rio de Janeiro em 1947, estabelecendo a “unidade” interamericana contra o “inimigo externo”, donde resultou a Organização dos Estados Americanos (OEA). Mais tarde, a criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) veio a potencializar ainda mais o referido aparelho. A partir daí, ações como a chamada Aliança para o Progresso consubstanciaram a ingerência norte-americana, abrindo caminho para a intervenção política direta, que foi materializada através do patrocínio/apoio às ditaduras militares instauradas na região. A este respeito, foi paradigmática a intervenção norte-americana em Santo Domingo, em 1965, com o respaldo da OEA.

Em boa verdade, o expansionismo norte-americano no continente decorre de uma concepção que considera a América Espanhola/Portuguesa como um território interno dos Estados Unidos, na medida em que, por exemplo, a ligação entre o Atlântico e o Pacífico se faz por via da América Central e do Caribe. O lema “a América para os americanos”, da doutrina Monroe, ao fim e ao cabo, deu expressão histórica ao sentimento imperial do país na região. Mais recentemente, a tentativa de criar a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) inscreve-se nessa lógica de domínio imperial, disfarçado, no entanto, sob as tintas de pretensos acordos diplomáticos.

O segundo desafio diz respeito à decisão político-institucional de fazer a integração. Fundamentalmente, é preciso ter em linha de conta que a integração latino-americana não depende só de ações diplomáticas conjuntas dos Estados em relação ao exterior, mas demanda sobretudo a capacidade de gerar instâncias autônomas, instituições e procedimentos capazes de a formatar.

A polêmica em volta dos interesses brasileiros na Bolívia, com a decisão do Presidente Evo Morales de nacionalizar a produção de gás e petróleo, é um exemplo das dificuldades político-institucionais da integração. Também são exemplos neste sentido as declarações de paraguaios segundo as quais o Brasil é um país imperialista, bem como os desentendimentos entre argentinos e uruguaios.

O terceiro desafio refere-se ao caráter da integração. Antes de mais nada, é preciso, definitivamente, por a baixo a tese de que a América Latina tende ao subdesenvolvimento por causa da falta de capitais. Na realidade, eles são grandes exportadores dos seus excedentes em forma de preços relativos desfavoráveis, lucros das empresas transnacionais, pagamentos de serviços de uma dívida externa ardilosamente montada e remessas de rendas do establishment local para os países capitalistas centrais.

Perante tal quadro, não resta à integração latino-americana senão uma perspectiva contra-hegemônica[3], com um projeto político estruturado em etapas que contemplem o curto, o médio e o longo prazo. Firmando as suas bases na consciente vontade popular, na ação autônoma dos Estados regionais e na busca de um universal dialético que abstrai os elementos mais simples dos particulares concretos, esse projeto há de seguir a senda de um outro mundo possível, que, ao socializar o bem-estar, ponha termo à extrema contradição entre a dimensão social da produção e a sua apropriação privada.

Como se constata, principalmente tendo em conta a nova divisão internacional do trabalho, os desafios para que a América Latina supere a dependência e realize a sua integração são bastante concretos. Deitar-se-ão por terra, portanto, as proclamações de lideranças que não passem de mera retórica, assim como elas próprias, se tergiversarem no personalismo, não resistirão ao crivo da história. Afinal, além de esta ser, conforme a sabedoria latina realça, mestra da vida, senhora dos tempos e luz da verdade, é nela, como esfera da práxis, que se comprova ou não a procedência do que é dito como discurso.

- Leiam e reflitam com o que foi escrito e debatido em sala

domingo, 25 de abril de 2010

Hidrelétricas no Brasil



Por Caroline Faria - Retirado do site Infoescola (http://www.infoescola.com/energia/usina-hidreletrica/)
O uso da força das águas para gerar energia é bastante antigo e começou com a utilização das chamadas “noras”, ou rodas d’água do tipo horizontal, que através da ação direta de uma queda d’água produz energia mecânica e são usadas desde o século I a.C.. A partir do século XVIII, com o surgimento de tecnologias como o motor, o dínamo, a lâmpada e a turbina hidráulica, foi possível converter a energia mecânica em eletricidade.

Esquema de uma usina Hidrelétrica

Mas o acionamento do primeiro sistema de conversão de hidroenergia em energia elétrica do mundo ocorreria somente em 1897 quando entrou em funcionamento a hidrelétrica de “Niágara Falls” (EUA) idealizada por Nikola Tesla com o apoio da Westinghouse. De lá para cá o modelo é praticamente o mesmo, com mudanças apenas nas tecnologias que permitem maior eficiência e confiabilidade do sistema.

Cerca de 20% da energia elétrica gerada no mundo todo é proveniente de hidrelétricas. Em números aproximados, só no Brasil, a energia hidrelétrica é responsável por 75 milhões de KW. São 158 usinas em funcionamento, outras 9 usinas estão em construção e existem 26 outorgadas (com permissão para serem construídas).

Uma usina hidrelétrica, no Brasil, pode ser classificada de acordo com a sua potência de geração de energia em dois tipos principais: as PCH’s, ou pequenas centrais hidrelétricas que produzem de 1MW a 30 MW e possui um reservatório com área inferior a 3 km² (Resolução ANEEL N.º 394/98), e as GCH’s, ou grandes centrais hidroelétricas que produzem acima de 30 MW.

A maior hidrelétrica do mundo ainda é a usina de Itaipu pertencente ao Brasil e ao Paraguai. Situada no rio Paraná Itaipu tem uma capacidade de 13.300 MW, respondendo por 20% da demanda nacional e 95% da demanda paraguaia de energia elétrica. Mas em 2009 Itaipu perderá seu título de maior do mundo para a Hidrelétrica de Três Gargantas que está sendo construída no rio Yang-Tsé, na China. Três Gargantas terá uma capacidade de produzir 85 bilhões de KWh.

Hidrelétrica de Machadinho-RS

Claro que os impactos ambientais destes dois grandes empreendimentos são tão colossais quanto eles próprios: Três Gargantas irá engolir 13 cidades, 4500 aldeias e 162 sítios arqueológicos importantíssimos para a China. Sem contar os impactos sobre a flora, fauna, solo, alterações do microclima da região, ciclo hidrológico e as milhares de pessoas que tiveram de ser realocadas.

De fato as usinas hidrelétricas são uma fonte renovável de energia, mas isso não significa que sejam ambientalmente corretas e nem que são menos nocivas que outras fontes unanimemente nocivas. Uma tentativa de minimizar os impactos das hidrelétricas é a substituição dos grandes empreendimentos por PCH’s, porém esse é ainda um tema bastante controverso já que mesmo que em menor escala, as PCH’s também causam impactos.

- "Os aproveitamentos hidrelétricos apresentam nítida concentração geográfica no Centro-Sul, onde se encontram os grandes mercados consumidores. O potencial da bacia do Paraná, em especial, é intensamente explorado, e os reservatórios das usinas alteraram extensamente a configuração dos seus principais rios".
- "No Brasil, as elevadas médias pluviométricas, decorrentes do predomínio de climas equatoriais e tropicais, oferecem um grande volume de água para as bacias hidrográficas, enquanto a predominância de relevos planálticos se reflete na presença de cursos de água com inúmeras sequências de cachoeiras".
MAGNOLI, Demétrio. Geografia para o Ensino Médio. São Paulo. Atual, 2008.

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- As imagens são para vocês refletirem a respeito do que foi conversado em sala de aula, sobre a distribuição do petróleo no mundo, e sobre a energia nuclear.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Globalização, Globalitarismo e Mudanças Globais

Esse texto é adaptado do site http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-124h.htm
Wagner Costa Ribeiro do Departamento de Geografia Universidade de São Paulo (USP), faz uma análise da obra de Milton Santos e sobre a Globalização. Milton Santos estudou a Globalização e ganhou reconhecimento mundial por taiz obras. Segue abaixo o texto Modificado.

"O espaço se globaliza, mas não é mundial como um todo senão como metáfora. Todos os lugares são mundiais mas não há um espaço mundial. Quem se globaliza mesmo são as pessoas" (Milton Santos, 1993).

Globalizar o conhecimento e seu uso. Definir a inserção dos lugares em uma rede de relações humanas de modo a valorizar a singularidade em meio à totalidade. Viver um mundo mais solidário. Essas possibilidades de pensar, representar e propor relações humanas caminham na contramão da história. Infelizmente verifica-se a predominância da competição desenfreada por mercados e tecnologias, a busca incessante por recursos naturais e a intensa exploração do trabalhador, mesmo diante da diminuição de postos de trabalho.

O que é globalização?

A difusão do termo globalização ocorreu por meio da imprensa financeira internacional, em meados da década de 1980. Depois disso, muitos intelectuais dedicaram-se ao tema, associando-a à difusão de novas tecnologias na área de comunicação, como satélites artificiais, redes de fibra ótica que interligam pessoas por meio de computadores, entre outras, que permitiram acelerar a circulação de informações e de fluxos financeiros. Globalização passou a ser sinônimo de aplicações financeiras e de investimentos pelo mundo afora. Além disso, ela foi definida como um sistema cultural que homogeneíza, que afirma o mesmo a partir da introdução de identidades culturais diversas que se sobrepõem aos indivíduos. Por fim, houve quem afirmasse estarmos diante de um cidadão global, definido apenas como o que está inserido no universo do consumo, o que destoa completamente da idéia de cidadania (Ribeiro, 1995).
Porém
"No debate sobre a globalização não temos encontrado análises que consideram os fragmentos que ele acarreta. Ao contrário, ressaltam-se as suas vantagens aparentes, porém sem configurá-la com maior precisão" (Ribeiro, 1995:18).

A globalização é discutida, segundo as categorias tempo/espaço, no âmbito do sistema-mundo, na pós-modernidade e à luz dos conceitos de nação, mercado mundial e lugar. Tornada paradigma para a ação, a globalização reflete nos Estados-nação exigindo um protecionismo que em tese se contradiz com a demanda "livre e global" apregoada pelos liberais de plantão. Porém, ao olhar para o lugar, para onde as pessoas vivem seu cotidiano, identifica-se o lado perverso e excludente da globalização, em especial quando os lugares ficam nas áreas pobres do mundo. Ao reafirmar o mesmo, a globalização econômica não consegue impedir que aflorem os outros, resultando em conflitos que muitos tentam dissimular como competitividade entre os Estados-nação e/ou corporações internacionais, sejam financeiras ou voltadas à produção. A globalização é fragmentação ao expressar no lugar os particularismos étnicos, nacionais, religiosos e os excluídos dos processos econômicos com objetivo de acumulação de riqueza ou de fomentar o conflito (Ribeiro, 2001).

Globalização e cultura

Diferente do que afirmam alguns pesquisadores, que acreditam no estabelecimento de uma homogeneização da cultura, do sistema de valores, a partir da globalização, Milton Santos concebe que "cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente" (Santos, 1996:273). Para ele, a importância de estudar os lugares reside na possibilidade de captar seus elementos centrais, suas virtudes locacionais de modo a compreender suas possibilidades de interação com as ações solidárias hierárquicas.

É no lugar que a cultura vai ganhar sua dimensão simbólica e material, combinando matrizes globais, nacionais, regionais e locais. Mas nem todos pensam assim.
O sociólogo brasileiro Renato Ortiz (1994) afirma que existe uma cultura mundializada que se expressa na emersão de uma identidade cultural popular, cujos signos estariam dispersos pelo mundo. Como exemplos cita redes de alimentos e marcas de produtos de consumo que seriam facilmente identificáveis de um estilo de vida global.

A apropriação da cultura pela esfera do consumo foi analisada por muitos autores, como o francês Jean Baudrillard (1991), para quem a lógica do consumo esta baseada no uso planejado de signos que destituem o objeto de finalidade tornando-o simplesmente algo a ser comprado. Esse processo ocorre baseado na subjetividade, na interiorização de valores externos aos consumidores, que acabam seduzidos por apelos da propaganda, definidora mesmo de uma nova subjetividade estimuladora da compra do bem divulgado por ela. Para Baudrillard
"o objeto perde a finalidade objetiva e a respectiva função tornando-se o termo de uma combinatória muito mais vasta de conjuntos de objetos, em que o seu valor é a criação" (1991:120).

O geógrafo David Harvey participa deste debate polemizando com Baudrillard. Para Harvey
"por meio da experiência de tudo – comida, hábitos culinários, música, televisão, espetáculos e cinema –, hoje é possível vivenciar a geografia do mundo vicariamente, como um simulacro. O entrelaçamento de simulacros da vida diária reúne no mesmo espaço e no mesmo tempo diferentes mundos (de mercadorias). Mas ele o faz de tal modo que oculta de maneira quase perfeita quaisquer vestígios de origem, dos processos de trabalhos que os produziram ou das relações sociais implicadas em sua produção" (1992:270-271).

Para Santos, "o homem vai impondo à natureza suas próprias formas, a que podemos chamar de formas ou objetos culturais, artificiais, históricos" (Santos, 1988:89). Estes objetos culturais fazem com que
"a natureza conheça um processo de humanização cada vez maior, ganhando a cada passo elementos que são resultado da cultura. Torna-se cada dia mais culturalizada, mais artificializada, mais humanizada. O processo de culturalização da natureza torna-se, cada vez mais, o processo de sua tecnificação. As técnicas, mais e mais, vão incorporando-se à natureza e esta fica cada vez mais socializada, pois é, a cada dia mais, o resultado do trabalho de um maior número de pessoas. Partindo de trabalhos individualizados de grupos, hoje todos os indivíduos trabalham conjuntamente, ainda que disso não se apercebam. No processo de desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da natureza. A natureza se socializa e o homem se naturaliza" (Santos, 1988:89).

A tecnificação a que se refere Santos permite o simulacro geográfico que Harvey discrimina. Ela configura um meio-técnico-científico internacional "no qual a construção ou reconstrução do espaço se dará com um conteúdo de ciência e de técnica" (Santos, 1991:11), formando uma paisagem estética, em meu entendimento.
O que seria essa paisagem estética? Um tecido urbano que contém valores culturais transpassados pela afirmação do mesmo, que oprimem o singular, sintetizados, por exemplo, em formas urbanas reproduzidas a partir de modelos de arquitetura oriundos de países hegemônicos, uma das críticas às cidades contemporâneas, como aponta o geógrafo espanhol Horacio Capel (2001). Isso é facilmente observável na paisagem de São Paulo, uma megacidade brasileira localizada em plena faixa tropical, na qual identificam-se milhares de prédios envidraçados, tal qual preconiza a arquitetura de países temperados. Ora, os ambientes produzidos por tal concepção resultam extremamente quentes, gerando a necessidade do uso de aparelhos para resfriar o ar, aumentando o consumo energético. Seria muito mais simples edificar prédios segundo a boa arquitetura colonial brasileira, com seus tetos elevados e amplas janelas que permitem desde a entrada de luz natural, abundante nos trópicos, quanto a circulação do ar, refrescando o ambiente. Mas o esteticismo a que se refere Jameson prevalece e a paisagem paulistana aquece quem vive nela...

Globalização econômica
Neste aspecto a contribuição de Milton Santos foi bem mais ampla que no caso anterior. Quando afirma, como consta na epígrafe deste artigo, que "quem se globaliza mesmo são as pessoas" (1993:16), o geógrafo brasileiro dá pistas de como conduz sua reflexão sobre a globalização econômica. Ele está interessado no fluxo que o sistema de objetos, expressão que vai trabalhar em diversos livros, permite fluir e conduz, na forma de espaço geográfico.

Para Santos, o espaço geográfico é uma funcionalização da globalização (1994:48). Ele vai ser produzido de acordo com as demandas de quem o idealiza, para permitir fluir suas necessidades. Para ele o espaço geográfico é um "conjunto indissociável de sistemas de objetos naturais ou fabricados e de sistemas de ações, deliberadas ou não" (1994:49).

O espaço geográfico viabiliza a globalização, dado que ele materializa três de seus pressupostos: "a unicidade técnica, a convergência dos momentos e a unicidade do motor" (1994:49).

A unicidade técnica é entendida como a capacidade de instalar qualquer instrumento técnico produtivo em qualquer parte do mundo. A convergência dos momentos é possibilitada pela unificação técnica, pela capacidade de comunicação em tempo real. Por fim, a unicidade do motor é a direção centralizada, exemplificada pela direção do mundo econômico e das finanças pelos executivos que atendem aos interesses dos donos das empresas transnacionais e do sistema financeiro internacional. Estes temas são amplamente tratados pelo autor em sua obra A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção (1996), na qual propõe "um sistema de idéias que seja, ao mesmo tempo, um ponto de partida para a apresentação de um sistema descritivo e de um sistema interpretativo da geografia" (Santos, 1996:15).

Muitos outros autores discutiram o tema da globalização econômica, porém, desconsideram a dimensão geográfica nos termos propostos por Santos. É o caso, por exemplo, de Harvey, que analisa o mundo contemporâneo por meio da criação de novos mercados financeiros, coordenados em escala global, permitindo a acumulação capitalista por meio de uma flexibilidade geográfica e temporal. Ele entende que apesar disso resta uma função importante ao estado-nação que
"embora seriamente ameaçado como poder autônomo, retém mesmo assim grande poder de disciplinar o trabalho e de intervir nos fluxos de mercados financeiros, enquanto se torna muito mais vulnerável a crises fiscais e à disciplina do dinheiro internacional. Estou, portanto, tentado a ver a flexibilidade conseguida na produção, nos mercados de trabalho e no consumo antes como um resultado da busca de soluções financeiras para as tendências de crise do capitalismo do que o contrário. Isto implicaria que o sistema financeiro alcançou um grau de autonomia diante da produção real sem precedentes na história do capitalismo, levando este último a uma era de riscos financeiros igualmente inéditos" (Harvey, 1992:181).

O geógrafo Edward Soja (1993) assinala que as mudanças no padrão produtivo mantiveram as desigualdades geográficas e a manutenção de lucros imensos por parte das transnacionais, como vem ocorrendo desde o segundo pós-guerra. Para Soja, isso reafirma a geografia por meio da emergência da espacialidade, da regionalização e do regionalismo, levando o capital a rever suas estratégias espaciais e locacionais, que podem ser facilmente apreendidas. Para ele
"A instrumentalidade das estratégias espaciais e locacionais da acumulação do capital e do controle social está sendo revelada com mais clareza do que em qualquer época dos últimos cem anos. Simultaneamente, há também um crescente reconhecimento de que o operariado, bem como todos os outros segmentos da sociedade que foram periferalizados e dominados, de um modo ou de outro, pelo desenvolvimento e reestruturação capitalistas, precisam procurar criar contra-estratégias espacialmente conscientes em todas as escalas geográficas, numa multiplicidade de locais, a fim de competir pelo controle da reestruturação do espaço" (Soja, 1993:210).

Esse entendimento é partilhado por outro geógrafo, Neil Smith (1988). Para ele, a combinação de desigualdades geográficas é inerente ao desenvolvimento capitalista, resultando no desenvolvimento desigual como produto e premissa para o capital. Assim,
"o desenvolvimento desigual é a desigualdade social estampada na paisagem geográfica e é simultaneamente a exploração daquela desigualdade geográfica para certos fins sociais determinados" (Smith, 1988:221).

Santos entende que o desenvolvimento desigual é combinado é resultado de "uma ordem, cuja inteligência é apenas mediante o processo de totalização, isto é, o processo de transformação de uma totalidade em outra totalidade" (1996:101).

Já o sociólogo brasileiro Otávio Ianni, interlocutor de Milton Santos, destaca que a sociedade civil ganhou uma dimensão mundial tratando de temas como
"direitos humanos, narcotráfico, proteção do meio ambiente, dívida externa, saúde, educação, meios de comunicação de massa, satélites e outros itens. Assuntos sociais, econômicos, políticos e culturais que sempre pareceram nacionais, internos, logo se revelam internacionais, externos" (Ianni, 1992:43).

Mas ele entende que ocorre um esvaziamento do estado-nação pelo capital, que transforma "as sociedades nacionais em dependências da sociedade global" (1992:44). Em outra obra, afirma que a globalização seria um novo paradigma (Ianni, 1995), pois gerou um modo de produção e de gestão da política inovadores.
O professor Milton Santos discorda dos que viram um esvaziamento da função do estado. Para o geógrafo brasileiro o que existe é um
"mercado hierarquizado e articulado pelas firmas hegemônicas, nacionais e estrangeiras que comandam o território com apoio do Estado" (Santos, 1991:13).
Porém, não deixa de reconhecer uma certa subordinação aos imperativos externos ao afirmar que
"os recursos totais do mundo ou de um país, quer seja o capital, a população, a força de trabalho, o excedente etc., dividem-se pelo movimento da totalidade, através da divisão do trabalho e na forma de eventos (...). Cada momento histórico (...) acarreta uma diferenciação no interior do espaço total e confere a cada região ou lugar sua especificidade e definição particular. Sua significação é dada pela totalidade de recursos" (Santos, 1996:131).

Para o geógrafo brasileiro Armando Correa da Silva, conhecer os recursos e potencialidades de um estado-nação passam a ser vitais para a inserção no cenário da "globalização relacionada à esfera do capital" (Silva, 1993:77). Ele escreveu que
"o capitalismo se defronta com sua própria criatura, ou seja, quanto mais se mundializa valor, mais necessários se tornam os mecanismos nacionais e, mesmo, regionais, em alguns casos. A atual centralização descentralizada do Globo tem algo a ver com isso. De uma parte, a centralização dá origem ao seu contrário: os movimentos separatistas e regionalistas. De outra, obriga a formação de grandes alianças territoriais, ampliando espacialmente os mercados"(Silva, 1993:77).
Esse rearranjo das relações sociais contemporâneas afirmado por Silva produz blocos de países como a União Européia, o Mercosul, o Nafta, entre outros, que buscam ampliar o território apenas para a circulação de mercadorias, restringindo o fluxo de pessoas ao limite do desejável.

A retomada do papel do estado é partilhada pelos geógrafos espanhóis Joan Font e Joan Rufí, quando escrevem que
"Podría decirse que en muchos casos se asite a una renacionalización de los estados. Las formas que toman estos procesos pueden ser muchas y más o menos explícitas, dependiendo de las circunstancias de cada estado y de cuál sea el adversario al que se quiere dar respuesta: la globalización o la, presunta o efectiva, fragmentación interna" (Font e Rufí, 2001:90).

Para Santos, a tensão entre o local e o global é um fato que deve ser entendido por meio do papel da formação social nacional, que "funciona como uma mediação entre o Mundo e a Região, o Lugar. Ela é também mediadora entre o Mundo e o território" (1996:270).

Na formação social nacional verifica-se uma fusão de acontecimentos, como expressa a seguinte passagem da obra do geógrafo brasileiro:
"Não existe um espaço global, mas, apenas, espaços da globalização. (...) O Mundo, porém, é apenas um conjunto de possibilidades, cuja efetivação depende das oportunidades oferecidas pelos lugares. (...) Mas o território termina por ser a grande mediação entre o Mundo e a sociedade nacional e local, já que, em sua funcionalização, o ‘Mundo’ necessita da mediação dos lugares, segundo as virtualidades destes para usos específicos. Num dado momento, o ‘Mundo’ escolhe alguns lugares e rejeita outros e, nesse movimento, modifica o conjunto dos lugares, o espaço como um todo. É o lugar que oferece ao movimento do mundo a possibilidade de sua realização mais eficaz. Para se tornar espaço, o Mundo depende das virtualidades do Lugar" (Santos, 1996:271).

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Exercicio - Camadas da Terra

Bom, sabemos que a Terra está dividada básicamente em núcleo, o manto e a crosta. A litosfera irá abranger a área da Crosta e a primeira do Manto sólido (ou consolidado), devido as grande pressões. Em seguida, No manto, teremos a maior concentração de temperatura, consequentemente, a fonte do magma e lava. Compreende a parte central do planeta e acredita-se que seja formado por metais como ferro e níquel em altíssimas temperaturas. Todo esse sistema, irá ser a matriz dos vulcões.

Tendo essa breve resumo, e a apresentação em sala de aula, denomine cada local enumerado na seguinte figura:

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Primeiros passos...

Com o intuito de atender a uma atividade do Curso de Licenciatura em Geografia, esse blog visa debater assuntos relacionandos a Geografia e ao Mundo, trazendo os conceitos da geografia e levando através de debates esclarecimentos sobre os assuntos correntes do mundo